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domingo, 16 de fevereiro de 2014

ELAS SABEM

As mulheres não sabem o que querem. 
As mulheres são um verdadeiro mistério.
As mulheres são instáveis e brigam por qualquer coisa.
Se você diz sim, discutem. Se você diz não, discutem também.

Essas são algumas das frases que eu escuto dos homens. As próprias mulheres se consideram, algumas vezes, confusas com seus próprios pensamentos, emoções e comportamentos. 

Mas depois de um bom tempo analisando casos diversos, eu notei um padrão que pode ser responsável por uma das grandes confusões da mente feminina. Essa confusão do qual irei falar agora gera, sem sombra de dúvidas, uma quantidade expressiva de sofrimento e angústia, podendo destruir os sonhos e a vida de muitas pessoas. 

Claro que tudo começa com a pressão que as mulheres sofrem desde a infância e a lista de cobranças que elas herdam da família e da sociedade. Precisam, desde criança, varrer o chão, lavar a louça, se vestir adequadamente, falar suavemente, tocar piano para as visitas, casar antes dos 30, ter filhos antes dos 35, manter-se casada, cuidar do marido, trabalhar, ter sucesso, ser bonita, andar de salto alto, depilar, cuidar das unhas e cabelos, fazer academia, ser mãe, cuidar da casa e mais umas 20 ou 30 coisas.

Nunca antes, na história da humanidade, as mulheres foram tão cobradas e pressionadas. O resultado é inevitável: milhões de mulheres com autoestima seriamente ferida ou achatada, como já expliquei em tantos outros textos meus.

Instintivamente, as mulheres (e todos os outros seres vivos) querem ocupar o seu lugar no ciclo da vida. Em diferentes coletas de dados que já realizei, me dei conta que elas desejam uma coisa muito simples: que o homem seja homem e que ocupe o seu lugar no papel do casal. Na definição deste papel, as mulheres não pedem coisas extraordinárias. Claro que, fisicamente, se possível, desejam um cara alto com porte atlético. Mas não é a prioridade. Os aspectos importantes estão na personalidade. Predominantemente, dizem esperar que o homem transmita segurança, determinação, companheirismo, que a olhe nos olhos e que a abrace, ao invés de simplesmente fazer sexo e cultivar uma barriga no sofá. Em resumo, que saiba o que quer da vida, e que busque sempre melhorar, ao invés de piorar. Podemos chamar isso de “ideal masculino”.

Como podemos ver, é relativamente simples, e tudo deveria dar certo. Mas a baixa autoestima surge como um verdadeiro tumor na mente feminina. Certas de que são inferiores a tantas outras mulheres, não se vêem atraentes ou merecedores do perfil que consideram ideal. Um pensamento automático percorre sua mente de forma ardilosa, murmurando coisas do tipo: “um homem decidido e seguro de si, com bom senso, jamais ficaria com uma mulher tão sem graça e cheia de falhas como eu”. 

Vejam só como isso é importante: um homem com todas essas qualidades até poderia ficar com ela. Mas, como ele teria bom senso, seria questão de tempo até ele perceber que ela é inferior e trocá-la por uma mulher com mais qualidades. Se essa mulher de nosso exemplo pensa que a maioria é melhor do que ela, qual seria o nível de ameaça que ela sentiria por tentar ter ao seu lado o homem ideal? Exatamente! Uma ameaça imensa que não daria paz a ela. Seu ciúme seria explosivo, como um bicho que se defende de uma agressão que ainda não aconteceu, mas que sua mente garante que acontecerá a qualquer minuto. 

Essa primeira fase explica um pouco dos ciúmes doentios e explosivos que vemos por aí. Mas não é esse o meu foco. 

Acontece que muitas mulheres com baixa autoestima não tem coragem de tentar se relacionar com um homem que esteja dentro de seu ideal. O medo de ser traída ou substituída por alguém de melhor qualidade as impede. Então elas se conformam com um tipo diferente: aquele que seja mais pacato, submisso e sem tanta determinação. Uma pessoa como essa poderia ser controlada a ponto de não oferecer riscos a ela. Ele acabaria permitindo que ela tomasse decisões por ele, que resolvesse quais roupas ele deveria usar e que tipo de comida eles iriam comer. E é desse jeito, caro leitor (ou cara leitora) que muitas, mas muitas mulheres mesmo, casam-se com filhos e não com homens. 

Aqui nós temos o verdadeiro ponto de ebulição e causa de diversos problemas conjugais. Uma parte da mente da mulher escolheu aquele sujeito, que pode ser devidamente controlado e que não oferece risco de sair do esquema ou deixá-la. A outra parte começa a ficar com raiva da falta de atitude e de postura desse homem travestido de criança. Em seu íntimo, ela continua desejando o perfil masculino ideal. Por conta disso, ela começa a provocar o marido para ver se ele manifesta alguma das características que ela idealiza. Em suma, ela tenta mudar o homem com quem casou. Tenta reprocessá-lo. Mas ele não reage. Sua raiva começa a crescer e as brigas vão adquirindo níveis de insultos cada vez maiores. E, ainda assim, ele não reage. Ele mal se defende, alega que ela está irritada a toa, não a abraça, não a deseja e nem assume a postura de consertar a calha da casa e o interruptor, já quebrados há 5 meses. Ela se vê sozinha em um casamento. Tem dois filhos pequenos. Com o marido, três. Não é isso que ela queria. As vizinhas e amigas dizem que ele é um bom homem e que ela teve sorte. Difícil achar homem que preste por aí. Mas a angústia a consome por dentro. A baixa autoestima continua fazendo estragos e começa a sugerir que o problema é ela. Se vê uma eterna insatisfeita, louca e, ainda por cima, se consome em culpa por tratar o marido daquela forma. Chega a conclusão que não pode deixá-lo. Afinal, que outro homem iria agüentá-la em todo o seu desequilíbrio? Mal sabe ela que esse desequilíbrio não nasce dentro dela. Ele não passa de uma reação por estar ao lado de uma pessoa que não responde ao seu papel. Ao lado da pessoa certa, ela não seria louca, não seria desequilibrada e nem sentiria culpa por manifestar tanta insatisfação e agressividade. 

Como profissional eu percebi que, ao lado do homem certo, as mulheres são certas.
Ao lado do homem errado, as mulheres são erradas. Mas se não se aceitam ou não gostam de si mesmas, acabarão escolhendo alguém que não as realizará para, depois, se consumirem em culpa. 

Fico imaginando quantas vidas se desperdiçaram por causa disso. Quantos casais se destruíram ou viveram muito mal por conta dessa reação. Cada vez mais, me dou conta do poder da informação e da terapia. Anos de sofrimento podem ser evitados com simples entendimentos, com uma ajuda que nunca chegou para tantas pessoas que já se consumiram nesse processo. 

As mulheres não sabem o que querem – eu disse no começo desse texto. Elas sabem! Sabem muito bem. Mas muitas não se respeitam como deveriam, não acreditam em si mesmas. Por saber o que querem, e por tentar se conformar com o que não querem, se implodem antes mesmo de terem tido a chance de se compreenderem. Antes mesmo de ter tido a chance de ser feliz.



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