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sexta-feira, 21 de fevereiro de 2014

AVÓS ÁGUA COM AÇÚCAR

Participação de Alexandre Caprio em matéria publicada pelo Jornal Diário da Região, São José do Rio Preto/SP, jornalista Juliana Ribeiro, edição de 21/02/2014.

Comportamento
› Família
São José do Rio Preto, 21 de Fevereiro, 2014 - 1:40
Avós água com açúcar

Juliana Ribeiro

Sergio Isso
Rodeada de afeto: Nilce com os netos Pedro, Laura e Luiza

A maioria das crianças quando briga com os pais quer arrumar as malas e partir para a casa dos avós, porque esses costumam ser mais complacentes. Esquecem-se que, um dia, foram pais tão ou mais bravos, que de repente se transformam em avós doces. E se os filhos resolvem lembrá-los de que eles eram até mais “linha-dura”, a resposta sempre está na ponta da língua: “Eram outros tempos."

Para a nutricionista Flávia Pinto César, sua mãe, Nilce de Morais Pinto César, é de grande ajuda na educação das filhas Mariana e Luísa. “Ela sempre me ajudou a cuidar das meninas, porque eu sempre trabalhei fora. Minha mãe tem um olhar crítico construtivo, que é ótimo para o crescimento de todos. Nunca tivemos atritos com relação à educação das meninas. O fato dela ter sido professora faz com que seja mais sensata. Tem um coração de ouro, ensina, dá bronca quando necessário, mas abraça e beija sempre. É uma avó especial para todos os netos”, diz.

De acordo com Flávia, poucas vezes elas tiveram atritos no quesito educação. “Quando as meninas eram menores, se eu dava uma bronca ou colocava elas de castigo minha mãe intervia e abraçava a criança dizendo: 'Já que a mamãe está brava com você, vem com a vovó que eu te dou carinho.' Atitudes assim deseducam a criança, então conversei com ela e ela entendeu e não fez mais”, relembra a nutricionista.

Para a psicóloga cognitivo-comportamental Mara Lúcia Madureira, a ideia de que avós deseducam netos é generalista e preconceituosa. A maioria dos avós presta inestimável cooperação aos pais, especialmente aos que trabalham fora e dependem da participação deles nos cuidados, na educação e, às vezes, no sustento de seus filhos.

“As regras quebradas pelos avós são, em geral, bem menores e inofensivas do que os benefícios dos ensinamentos incorporados à personalidade dos netos, a construção dos alicerces para a vida”, diz. “Avós emocionalmente saudáveis e que mantêm essas relações sadias com filhos e netos são verdadeiras fontes de apoio, alegria e satisfação. Propiciam aos adultos tranquilidade e, aos pequenos, privilégio de aprendizado suave, companhias agradáveis, lazer responsável e condutas menos rígidas do que a dos pais”, explica.

A adolescente Luísa Pinto Cesar Iacovone, 13 anos, conta que adora passar um tempo ao lado dos avós. “Eu me divirto quando vou para a fazenda com ela. Ajudo na horta, conversamos, jogamos, ela me ajuda com as lições, é sempre atenciosa, me dá o que eu peço, mas me mostra que eu também tenho que respeitar os espaços e ajudar nos afazeres. Acho engraçado uma crença dela, de dizer que, se eu comer a maçã sem cortar, vou quebrar os dentes, mas mesmo assim eu respeito. Escuto muito o que ela fala. É minha companheira e eu sou companheira dela”, diz.

Amar é estar em harmonia

Para o psicólogo Cognitivo-comportamental Alexandre Caprio, avós e pais não devem ensinar, através de seu convívio, o desrespeito. Se a geração anterior não se respeita, a geração atual poderá seguir os mesmos moldes. “Crianças não se orientam por meio das palavras, mas pelo comportamento de seus pais ou responsáveis. Ensine discórdia e ele promoverá discórdia. Ensine respeito e ele promoverá respeito.

Como dizia o compositor Renato Russo: 'Disciplina é liberdade'. Se ensinarmos uma criança a controlar seus próprios impulsos e redirecionar suas forças na conquista de seus objetivos, teremos dado a ela a oportunidade de ser verdadeiramente livre. E ela, provavelmente, levará essa semente adiante para as próximas gerações.” Quando os avós apresentam padrões de comportamento que interferem negativamente nas relações familiares é bom que os pais restrinjam a convivência a situações sociais e estabeleçam, de modo firme e respeitoso, os limites de intervenção dos avós nas questões educacionais dos netos.

“Quando pais não concordam com os modelos dos avós, devem criar condições para não ter de depender deles e não estender as relações além do convívio eventual. O grande problema é depender de outros e querer impor suas crenças e padrões de comportamentos por supor que sejam superiores e mais adequados”, reforça a psicóloga cognitivo-comportamental Maria Lúcia Madureira.
Depoimento:


Nilce de Morais Pinto César, 75 anos, é avó de cinco netos - quatro meninas e um menino - que, sempre que podem, recebem sua bênção. “É muito gostoso quando eles chegam em casa, pedem a bênção, me abraçam e dizem que estavam com saudade”. Diz isso e sorri, ao lembrar do momento. Na casa de Nilce, os netos sabem que existem limites, talvez menos severos do que na dos pais, mas são limites que devem ser respeitados, sempre. “Eu tento ensiná-los que a vida é uma via de mão dupla. Eu não dou nada esperando algo em troca, mas tento explicar que é necessário dar valor. Se algum deles me pede algo, por exemplo, uma comida que gosta muito, eu faço, mas aviso: depois é você quem tira a mesa”, diz. “No começo eles não gostavam não, mas hoje fazem sem reclamar. Expliquei que quando os avós respondem que 'Deus abençoe', tem uma força muito grande, e agora eles chegam em casa e pedem naturalmente.

Outra regra é pé sujo no sofá: nunca. Isso eu ensinei aos meus filhos e ensino aos meus netos”, conta a avó, orgulhosa. A neta mais velha de Nilce tem 20 anos e o mais novo, 8. Dificilmente os cinco aparecem juntos em sua casa. Normalmente, vão de dois em dois, mas toda semana eles surgem por lá: todos juntos só quando se encontram na fazenda. “Quando eram menores, e até hoje, quando precisa, eu vou buscá-los na escola, em alguma atividade extracurricular, algumas vezes eles passam a tarde aqui comigo. Comprei um jogo e sempre jogamos juntos. É ótimo para a minha cabeça e para o tempo que eu passo com eles”, diz.

CADA UM NA SUA:


- O dever de educar e cuidar dos filhos é dos pais, não dos avós. Mesmo que estejam aposentados e jovens, tenham mais tempo livre e melhores condições financeiras, eles conquistaram o direito de desfrutar de tais conquistas, não têm obrigação de cuidar de netos

- Avós que se comprometem em ajudar na criação dos netos não devem assumir o papel de babás ou dos pais, mas estabelecer limites de tempo de convívio e respeitar as regras dos pais na educação das crianças

- Compete aos avós proibir que seus filhos lhes transfiram a responsabilidade de cuidar dos netos além do tempo que não os atrapalhem, tirem a paz, o descanso e o direito de viver com qualidade

- Filhos devem respeitar os pais e ensinar os netos a também fazê-lo, ser o exemplo de convívio familiar e o modelo para serem tratados futuramente

- Avós não são empregados, não estão na condição de cumpridores de ordens dos filhos. Se os filhos não concordam com as ideias de seus pais que encontrem meios de dialogar e resolver a questão ou de não ter de depender deles

- Avós devem respeitar os limites educacionais dos pais e aceitar que educar de modo diferente não significa de forma errada. E mesmo que errem eventualmente, é parte da experiência de vida

- Pais e avós devem se policiar para que o amor pela criança não se transforme em competição entre os adultos

- Tanto os pais quanto os avós devem saber os limites do benefício das relações, nenhuma das partes deve invadir o espaço ou desrespeitar os direitos da outra

Fonte: Maria Lúcia Madureira, psicóloga cognitivo-comportamental 

domingo, 16 de fevereiro de 2014

ELAS SABEM

As mulheres não sabem o que querem. 
As mulheres são um verdadeiro mistério.
As mulheres são instáveis e brigam por qualquer coisa.
Se você diz sim, discutem. Se você diz não, discutem também.

Essas são algumas das frases que eu escuto dos homens. As próprias mulheres se consideram, algumas vezes, confusas com seus próprios pensamentos, emoções e comportamentos. 

Mas depois de um bom tempo analisando casos diversos, eu notei um padrão que pode ser responsável por uma das grandes confusões da mente feminina. Essa confusão do qual irei falar agora gera, sem sombra de dúvidas, uma quantidade expressiva de sofrimento e angústia, podendo destruir os sonhos e a vida de muitas pessoas. 

Claro que tudo começa com a pressão que as mulheres sofrem desde a infância e a lista de cobranças que elas herdam da família e da sociedade. Precisam, desde criança, varrer o chão, lavar a louça, se vestir adequadamente, falar suavemente, tocar piano para as visitas, casar antes dos 30, ter filhos antes dos 35, manter-se casada, cuidar do marido, trabalhar, ter sucesso, ser bonita, andar de salto alto, depilar, cuidar das unhas e cabelos, fazer academia, ser mãe, cuidar da casa e mais umas 20 ou 30 coisas.

Nunca antes, na história da humanidade, as mulheres foram tão cobradas e pressionadas. O resultado é inevitável: milhões de mulheres com autoestima seriamente ferida ou achatada, como já expliquei em tantos outros textos meus.

Instintivamente, as mulheres (e todos os outros seres vivos) querem ocupar o seu lugar no ciclo da vida. Em diferentes coletas de dados que já realizei, me dei conta que elas desejam uma coisa muito simples: que o homem seja homem e que ocupe o seu lugar no papel do casal. Na definição deste papel, as mulheres não pedem coisas extraordinárias. Claro que, fisicamente, se possível, desejam um cara alto com porte atlético. Mas não é a prioridade. Os aspectos importantes estão na personalidade. Predominantemente, dizem esperar que o homem transmita segurança, determinação, companheirismo, que a olhe nos olhos e que a abrace, ao invés de simplesmente fazer sexo e cultivar uma barriga no sofá. Em resumo, que saiba o que quer da vida, e que busque sempre melhorar, ao invés de piorar. Podemos chamar isso de “ideal masculino”.

Como podemos ver, é relativamente simples, e tudo deveria dar certo. Mas a baixa autoestima surge como um verdadeiro tumor na mente feminina. Certas de que são inferiores a tantas outras mulheres, não se vêem atraentes ou merecedores do perfil que consideram ideal. Um pensamento automático percorre sua mente de forma ardilosa, murmurando coisas do tipo: “um homem decidido e seguro de si, com bom senso, jamais ficaria com uma mulher tão sem graça e cheia de falhas como eu”. 

Vejam só como isso é importante: um homem com todas essas qualidades até poderia ficar com ela. Mas, como ele teria bom senso, seria questão de tempo até ele perceber que ela é inferior e trocá-la por uma mulher com mais qualidades. Se essa mulher de nosso exemplo pensa que a maioria é melhor do que ela, qual seria o nível de ameaça que ela sentiria por tentar ter ao seu lado o homem ideal? Exatamente! Uma ameaça imensa que não daria paz a ela. Seu ciúme seria explosivo, como um bicho que se defende de uma agressão que ainda não aconteceu, mas que sua mente garante que acontecerá a qualquer minuto. 

Essa primeira fase explica um pouco dos ciúmes doentios e explosivos que vemos por aí. Mas não é esse o meu foco. 

Acontece que muitas mulheres com baixa autoestima não tem coragem de tentar se relacionar com um homem que esteja dentro de seu ideal. O medo de ser traída ou substituída por alguém de melhor qualidade as impede. Então elas se conformam com um tipo diferente: aquele que seja mais pacato, submisso e sem tanta determinação. Uma pessoa como essa poderia ser controlada a ponto de não oferecer riscos a ela. Ele acabaria permitindo que ela tomasse decisões por ele, que resolvesse quais roupas ele deveria usar e que tipo de comida eles iriam comer. E é desse jeito, caro leitor (ou cara leitora) que muitas, mas muitas mulheres mesmo, casam-se com filhos e não com homens. 

Aqui nós temos o verdadeiro ponto de ebulição e causa de diversos problemas conjugais. Uma parte da mente da mulher escolheu aquele sujeito, que pode ser devidamente controlado e que não oferece risco de sair do esquema ou deixá-la. A outra parte começa a ficar com raiva da falta de atitude e de postura desse homem travestido de criança. Em seu íntimo, ela continua desejando o perfil masculino ideal. Por conta disso, ela começa a provocar o marido para ver se ele manifesta alguma das características que ela idealiza. Em suma, ela tenta mudar o homem com quem casou. Tenta reprocessá-lo. Mas ele não reage. Sua raiva começa a crescer e as brigas vão adquirindo níveis de insultos cada vez maiores. E, ainda assim, ele não reage. Ele mal se defende, alega que ela está irritada a toa, não a abraça, não a deseja e nem assume a postura de consertar a calha da casa e o interruptor, já quebrados há 5 meses. Ela se vê sozinha em um casamento. Tem dois filhos pequenos. Com o marido, três. Não é isso que ela queria. As vizinhas e amigas dizem que ele é um bom homem e que ela teve sorte. Difícil achar homem que preste por aí. Mas a angústia a consome por dentro. A baixa autoestima continua fazendo estragos e começa a sugerir que o problema é ela. Se vê uma eterna insatisfeita, louca e, ainda por cima, se consome em culpa por tratar o marido daquela forma. Chega a conclusão que não pode deixá-lo. Afinal, que outro homem iria agüentá-la em todo o seu desequilíbrio? Mal sabe ela que esse desequilíbrio não nasce dentro dela. Ele não passa de uma reação por estar ao lado de uma pessoa que não responde ao seu papel. Ao lado da pessoa certa, ela não seria louca, não seria desequilibrada e nem sentiria culpa por manifestar tanta insatisfação e agressividade. 

Como profissional eu percebi que, ao lado do homem certo, as mulheres são certas.
Ao lado do homem errado, as mulheres são erradas. Mas se não se aceitam ou não gostam de si mesmas, acabarão escolhendo alguém que não as realizará para, depois, se consumirem em culpa. 

Fico imaginando quantas vidas se desperdiçaram por causa disso. Quantos casais se destruíram ou viveram muito mal por conta dessa reação. Cada vez mais, me dou conta do poder da informação e da terapia. Anos de sofrimento podem ser evitados com simples entendimentos, com uma ajuda que nunca chegou para tantas pessoas que já se consumiram nesse processo. 

As mulheres não sabem o que querem – eu disse no começo desse texto. Elas sabem! Sabem muito bem. Mas muitas não se respeitam como deveriam, não acreditam em si mesmas. Por saber o que querem, e por tentar se conformar com o que não querem, se implodem antes mesmo de terem tido a chance de se compreenderem. Antes mesmo de ter tido a chance de ser feliz.



sexta-feira, 7 de fevereiro de 2014

MINICURSO DE ANSIEDADE, QUE SERÁ MINISTRADO POR ALEXANDRE CAPRIO, É NOTÍCIA NO JORNAL DIÁRIO DA REGIÃO DE 07/02/14

Comportamento
 
› Equilíbrio
São José do Rio Preto, 7 de Fevereiro, 2014 - 1:43
Minicurso discute controle da ansiedade

Juliana Ribeiro

Stock Images/Divulgação
O transtorno da ansiedade é considerado hoje um mal do século
Você sofre por antecipação?  Acorda cansado? Não tolera trabalhar com pessoas lentas? Tem dores de cabeça ou muscular? Esquece das coisas com facilidade? Se respondeu “sim” a alguma dessas questões, é bem provável que sofra da Síndrome do Pensamento Acelerado (SPA). Considerada pelo psiquiatra Augusto Cury como o novo mal do século, suplantando a depressão, ela acomete grande parte da população mundial.

Pensando nisso, e embasado no livro “Ansiedade”, de Augusto Cury, o psicólogo cognitivo-comportamental Alexandre Caprio realiza minicurso promovido pela Livraria Empório Cultural, que acontece nos dias 10 e 11, das 19h30 às 21h30, com o tema “Controle sua ansiedade”.

Comumente associada ao Transtorno de Hiperatividade, a Síndrome do Pensamento Acelerado impede a apreciação de momentos simples da vida e aumenta ainda mais a dependência de celulares e internet. A ansiedade tem se alastrado em proporções epidêmicas. O resultado disso é a perda da qualidade de vida desencadeada pela queda da saúde mental. “De acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS), saúde é o equilíbrio físico, social e mental. Funciona como um tripé. Retire uma haste, e toda a estrutura declinará”, diz Caprio.

O psicólogo cognitivo-comportamental faz algumas perguntas que nos levam a refletir, umas vez que vivemos em uma época em que os cuidados com o corpo estão em evidência. Mas estamos mantendo o mesmo nível de atenção quando se trata de nossa mente? Estamos sabendo reciclar e filtrar nossos pensamentos com a mesma cautela com que escolhemos o que iremos comer? Somos bombardeados com informações por todos os lados, o tempo todo. Nunca tivemos acesso a tantas informações. Aprendemos a pensar cada vez mais rápido e sempre nos foi ensinado que isso era bom. Mas quais são os efeitos colaterais de uma mente que só aprendeu a acelerar?

“Você conseguiria imaginar o resultado se estivesse no volante de um carro que só acelera, cada vez mais e mais? Uma mente acelerada se condiciona a processar informações em um ritmo frenético e desconfortável, passando a não ser mais uma questão de escolha ou necessidade. Muitas vezes, recorremos a métodos artificiais para frear esse ritmo e conseguir algumas horas de sono. O resultado disso é uma geração de pessoas viciadas em remédios para a felicidade da indústria farmacêutica”, critica o profissional.

Segundo Caprio, pessoas assim podem até funcionar profissionalmente, trazendo resultados benéficos para seus grupos de trabalho. “Mas são carrascos de si mesmos. Inundam a mente com pensamentos cheios das duas palavrinhas que mais torturam o ser humano: ‘e se’.” A proposta do minicurso, de acordo com ele, é oferecer ao participante as ferramentas iniciais para lidar com o transtorno, como monitoramento de pensamentos e capacidade de questioná-los e filtrá-los.

Serviço:
Controle sua ansiedade. Minicurso com o psicólogo Alexandre Caprio. Dias 10 e 11/2, a partir das 19h30, na Livraria Empório Cultura. Vagas limitadas. R$ 45. Informações pelo telefone (17) 3226-4141