As vítimas do transtorno
de depressão estão aumentando. É o que diz a Organização Mundial de Saúde, que
também faz um importante alerta: dentro de 20 anos, a depressão matará mais do
que o coração.
Mas como pode um mal que não é causado por um vírus ou bactéria
ser tão real e causar tamanho estrago? Não seria “frescura”, falta de trabalho,
ou sinal de fraqueza?
Embora muitas pessoas desejem que a resposta a essa pergunta seja simples como as hipóteses apresentadas, a resposta é não. Uma das causas que fazem da depressão uma
ameaça crescente é o desdém e a desinformação. A depressão é
um desequilíbrio da química cerebral. Há uma queda da neurotransmissão, ou
seja, do nível de substâncias responsáveis pela comunicação entre um neurônio e
outro. As substâncias que mais sofrem essa redução são a serotonina, dopamina e
noradrenalina. As duas primeiras são grandes responsáveis pela geração de
prazer e bem estar.
As causas podem ser:
- Genéticas: pessoas com parentes próximos que sejam vítimas da depressão podem ter até três vezes mais chances de desenvolver o transtorno;
- Stress: uma dos grandes gatilhos da primeira crise depressiva. O stress é causado pela falta de habilidade em lidar com uma situação de difícil aceitação, que pode estar relacionada ao ambiente de trabalho, afetivo ou social;
- Drogas: o abuso de álcool, medicamentos e drogas ilícitas interferem na comunicação dos neurônios e podem gerar desequilíbrio da neurotransmissão;
- Doenças: derrames, tumores, hipotireoidismo e outros transtornos como a ansiedade podem desencadear um episódio depressivo;
IMPORTANTE: É muito comum que um indivíduo com Transtorno de
Ansiedade desenvolva também o Transtorno de Depressão por conta do stress
sentido em diferentes tipos de situação.
NÍVEIS DE DEPRESSÃO:
LEVE: Abatimento + perda de interesse + 2 ou 3 sintomas
abaixo relacionados. O indivíduo pensa que só está cansado, cancela alguns
compromissos sociais e é capaz de desempenhar a maior parte de suas atividades
cotidianas.
MODERADA: Abatimento + perda de interesse + 4 sintomas
abaixo relacionados. O indivíduo tem dificuldade em manter sua rotina, em se
concentrar, lembrar de nomes, tomar decisões simples e passa a cometer deslizes
no trabalho, o que acelera a queda da confiança e autoestima;
GRAVE: Abatimento + perda de interesse + 5 ou mais sintomas
abaixo relacionados. O indivíduo não consegue desempenhar atividades simples,
torna-se relapso em relação a sua higiene pessoal e passa a faltar do trabalho.
A sensação de vazio e ausência de prazer leva à ideação suicída.
SINTOMAS (a serem acrescidos nos níveis acima)
Na depressão, os sinais listados a seguir ocorrem ao longo
de, no mínimo, duas semanas:
- Perda ou ganho de peso;
- Aumento ou diminuição do sono;
- Alteração da libido sexual;
- Falta de paciência, irritação;
- Desesperança, pessimismo;
- Choro fácil;
- Agitação ou lentidão dos movimentos;
- Fadiga ou perda de energia;
- Sentimento de inutilidade ou culpa excessiva;
- Redução da capacidade de raciocínio, concentração e tomadas de decisão;
- Pensamentos recorrentes de morte e tentativas de suicídio.
A predominância da depressão, de
acordo com o gênero sexual é de um homem para cada duas mulheres. Depois dos 50
anos, a incidência é quatro vezes maior no sexo feminino.
O uso de antidepressivos, como
única alternativa de tratamento não é eficaz. Torna-se importante tratar o
transtorno com o apoio da psicoterapia. O princípio ativo do medicamento
aumentará artificialmente a neurotransmissão, mas não eliminará o estímulo
causador. Se for, por exemplo, um fator estressor e desencadeador da depressão permanecer
presente na vida do indivíduo, o estímulo permanece inalterado e recorrência do
transtorno também.
Na terapia, o paciente aprende a
reorganizar seus pensamentos, emoções e comportamentos, criando novas
habilidades para lidar com as situações ao seu redor. Se a ameaça do meio em
que vive diminuí, os pontos de stress e a ansiedade também caem, induzindo ao
relaxamento e aumento da sensação de prazer. Dessa forma, a retomada da vida profissional, afetiva e social pode acontecer com mais eficácia, diminuindo o risco de uma reincidência.
Fonte:
Manual Diagnóstico e Estatístico de
Transtornos Mentais (DSM-IV-TR);
Classificação Internacional de
Doenças (CID-10);
Ricardo Moreno (psiquiatra).
Nenhum comentário:
Postar um comentário