Existe um tipo de pessoa que,
tenho certeza, todos nós conhecemos muito bem. James Redfield, autor do livro
“A Profecia Celestina” (considerado um dos livros mais inspiradores do mundo)
deu um apelido para esse perfil: “coitadinho de mim”.
O ‘coitadinho de mim’ é um
coitado profissional. Aprendeu a mendigar atenção em todo lugar que vai. Viciou
nisso. Chega todos os dias no trabalho com a cara amassada, com os olhos
pesados, apenas esperando algum infeliz dizer ‘bom dia’ ou ‘como vai’. A partir
daí, começa a despejar problemas e não pára mais. Faz qualquer um se arrepender
de abrir a boca. Problemas no banco, com a mulher, com o marido, com os filhos,
com a escola, com a sogra, carro, cachorro, gato, papagaio, pulgas na cama,
tudo na vida dessa pessoa está péssimo. Quando acontece algo bom, despreza
completamente. É um perito em relacionar informações negativas para trocá-las
por atenção.
Esse tipo de pessoa torna-se
insuportável para colegas de trabalho e sociedade. É aquela vizinha que você
não visita mais porque te prende duas horas falando sem parar “eu, eu, eu, eu”.
É aquele parente que está sempre com dor, sempre à beira do abismo, resistindo
a dores e provações que nunca terminam. São aquelas pessoas que tentam provar para você
que são vítimas das circunstâncias, enganadas por serem ingênuas ou pobres por
serem honestas. Adoram um filho ingrato. Distorcem completamente a realidade
para mostrarem para si mesmas que o problema é o mundo e não a inércia,
comodismo e falta de compromisso onde se afundam, dia a dia. Para essas
pessoas, a felicidade não deve ser conquistada, deve ser oferecida em uma
bandeja de prata. Pede ajuda e, quando consegue, transfere ao máximo suas
responsabilidades para os outros. Não basta ajudar naquele mês. Precisa ajudar
todos os meses pelo resto da vida.
Sim, o ‘coitadinho de mim’ é um
tipo de parasita. Se faz de aleijado para ser carregado, E, como imaginado, seu
fim é terminar isolado (rimou). Claro
que essa condição acaba atraindo mais algumas almas piedosas e desavisadas, que
facilmente condenam família e amigos. Mas é questão de tempo até perceberem sua
estratégia e seguirem o mesmo curso.
Quando um familiar ou amigo
tentam tornar o ‘coitadinho de mim’ ciente de suas estratégias, ele rapidamente
inverte o conselho e o usa também: “eu não faço nada certo mesmo” ou “eu sempre
decepciono todos fazendo tudo errado”, são frases comuns. Por isso, esse é um
dos perfis mais difíceis de serem mudados.
A melhor chance é levá-lo à
terapia. Um terapeuta bem treinado poderá fazê-lo perceber como suas crenças o
tornam passivo em relação à sua própria vida e quanta energia ele perde lutando
por atenção. Com o tempo e esforço dos dois, o ‘coitadinho de mim’ aprende a
redirecionar suas forças, assumir responsabilidades e obter resultados. Passa a
gostar da ideia de controlar sua própria existência ao invés de delegá-la aos
outros. E consegue ter, pela primeira vez, a chance de viver experiências verdadeiras, experienciar prazeres até então desconhecidos e encontrar essa tal felicidade, da qual sempre ouviu falar, mas não conseguia
acreditar.
Alexandre Caprio
Julho de 2013.
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