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sexta-feira, 15 de março de 2013

AUTOESTIMA 

Quando falamos de autoestima, falamos da estima que desenvolvemos por nós mesmos. Estimar é gostar, aceitar, apreciar. Todos nós precisamos ter um bom nível de autoestima para interagir com nossos diferentes grupos (família, trabalho, sociedade) de forma saudável. 

A imagem que temos de nós mesmos começa a se formar na infância. Por isso, a família é uma das grandes responsáveis pelo bom desenvolvimento da autoestima. É muito comum o pai ou a mãe dizer que a criança é feia ao invés de dizerem que o que ela fez foi feio. Pelo menos a princípio, as crianças consideram os adultos (principalmente pai e mãe) seres absolutos, munidos de todos os conhecimentos e verdades que existem. Se uma menina escuta desde cedo seus pais a chamarem de feia, ela aprenderá que é feia. Com o tempo, isso poderá se transformar em uma crença tão forte e profunda que passará a ser sentida (e não mais pensada). Torna-se uma verdade, não em uma hipótese. 

Já na adolescência, a menina de nosso exemplo terá sérios problemas ao se comparar com as colegas de sua idade. A crença incubada em sua estrutura mental a fará perceber com maior facilidade aspectos positivos das outras meninas comparando com o que vê de negativo em si. A isso, damos o nome de atenção e memória seletiva, isto é, a pessoa apenas captura e memoriza as informações compatíveis com seu repertório e suas crenças. 

A partir de então, essa mulher poderá ver outras como adversárias de uma corrida em se está sempre perdendo. Diversos transtornos podem surgir, como ansiedade, depressão, anorexia e bulimia nervosa. A sensação de ser menos atraente e, por conseguinte, facilmente substituível é a fórmula básica do ciúme. A autoestima é inversamente proporcional ao ciúme, isto é, pessoas com baixa autoestima são as mais ciumentas. Isso transforma os relacionamentos em verdadeiras guerras, porque a mulher sempre se sente ameaçada. Se ela se sente inferior às outras mulheres, imagina que seu parceiro poderá se interessar por qualquer outra que apareça em seu caminho. Culpar e acusar o cônjuge torna-se freqüente. Quem está na mira do ciúme normalmente se sente um vilão sem crime, ofendido com tanta desconfiança. Passa a se sentir tão cobrado, que se cansa e termina a relação. Com a partida do marido, a mulher de nosso exemplo reforça sua crença inicial (sou feia) e reafirma seu complexo de inferioridade, agravando ainda mais o quadro e acentuando os transtornos já existentes. 

Toda essa problemática acaba interferindo na vida profissional. As pessoas com baixa autoestima são extremamente sensíveis a críticas. Para evitar brigas intermináveis, familiares e cônjuge acabam se calando. A pessoa pode tornar-se intragável com o tempo, tendo crises e ataques quando contrariada e passa a ser evitada nos meios sociais. 

Outra estratégia de pessoas com baixa autoestima é o discurso do “coitadinho de mim”. A pessoa se vê como vítima de tudo e de todos. Com isso, torna o progresso de uma discussão quase impossível. Alega sempre coisas do tipo – tudo bem, a culpa é sempre minha mesmo. – ou ainda – eu só atrapalho; se eu não existisse, tudo seria mais fácil para você

Pessoas ansiosas e com baixa autoestima tem forte tendência a desenvolverem compulsões. A compulsão alimentar e a compulsão por compras são as mais comuns. Por causa disso, muitas pessoas comprometem seriamente seu orçamento e podem tornar-se inadimplentes, o que aumenta ainda mais a sensação de fracasso pessoal. 

A forma mais eficaz de se estimular a autoestima é através da identificação de pensamentos automáticos negativos e crenças. Dificilmente isso pode ser feito sem auxílio profissional. A psicoterapia cognitivo-comportamental é focada nesse tipo de identificação. O paciente é estimulado a registrar seus pensamentos, emoções e comportamentos para que consiga perceber a forma como sua mente responde ao ambiente. O trabalho realizado pelo terapeuta e pelo paciente ajuda a descobrir as crenças e a confrontá-las. Trata-se de desaprender o que foi aprendido na infância e adolescência e recriar os conceitos a partir da uma ótica analítica e dedutiva. Essa reconstrução faz com que o paciente passe a perceber e apreciar sua beleza natural, vantagens e aptidões, desvinculando-se da visão tendenciosa que tinha até então. Com isso, um movimento inverso passa a acontecer. Aceitando-se, os níveis de ansiedade caem, assim como o ciúme. Aprende-se a valorizar corpo e mente, exercitando-os e desenvolvendo-os com maior eficiência. Essa saúde física e mental reflete em todas as esferas aumentando o foco no trabalho e melhorando as relações sociais. Sem os medos antigos, o relacionamento torna-se estável, pautado em diálogo e respeito. Há um melhor planejamento do futuro e, com isso, torna-se possível vivenciar um outro sentimento muito importante para nós, seres humanos: a auto realização.

Alexandre Caprio 
Psicólogo Cognitivo Comportamental 
São José do Rio Preto-sp

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