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sábado, 25 de agosto de 2012

TRANSTORNO DE ANSIEDADE PODEM DESENCADEAR ATAQUES DE PÂNICO

fonte: participação de Alexandre Caprio em matéria publicada pelo Jornal Diário da Região, São José do Rio Preto/SP, jornalista Elen Valereto, edição de 25/08/2012 http://www.diarioweb.com.br/novoportal/Noticias/Saude/106729,,Transtorno+de+Ansiedade+podem+desencadear+ataques+de+panico.aspx

Saúde
› Tudo maior... e pior
São José do Rio Preto, 25 de Agosto, 2012 - 1:43
Transtorno de Ansiedade podem desencadear ataques de pânico

Elen Valereto

www.sxc.hu/Divulgação
Sensações de tensão, medo e nervosismo são desproporcionais no Transtorno de Ansiedade Generalizada (TAG)
Muitas pessoas acreditam que a ansiedade é apenas uma sensação momentânea que passa ao fim do efeito estimulador. Isso realmente acontece. O problema é que há alguns tipos específicos, como o Transtorno de Ansiedade Generalizada (TAG), em que os sintomas consequentes podem causar vários problemas para a vida da pessoa.

Em termos gerais, a principal característica de quem sofre de TAG é a ansiedade ou preocupação excessiva e desproporcional, que gera muita aflição, mas sem motivos desencadeantes. Diferente de uma ansiedade considerada normal e passageira, a TAG tem maior duração ou frequência, podendo ocorrer por vários dias dentro de um período de pelo menos seis meses.

O sentimento de difícil controle e reconhecimento acaba acarretando alguns sintomas comportamentais, dentre eles a inquietação, falta de concentração, irritação e dificuldade para dormir. Da mesma forma, podem ocorrer outras manifestações, mas físicas, como mãos frias, suor excessivo, boca seca e a sensação de “nó na garganta”.

“Os sentimentos de apreensão, tensão, medo e o nervosismo desencadeiam respostas orgânicas, acelerando o coração a todo instante e repercutindo nos sistemas endócrino e digestivo. O TAG pode, devido a essas sensações, pode desencadear ataques de pânico, onde a sensação de risco gera a sensação de estar perdendo os sentidos ou morrendo”, descreve o psicólogo cognitivo-comportamental Alexandre Caprio.

Mas essas sensações podem ser diferentes entre adultos e crianças – sim, os pequenos também podem ser acometidos pelo transtorno. O número de sintomas manifestados também deve ser maior para que seja possível fazer um diagnóstico preciso, enquanto na infância é necessário apenas um único fator de ansiedade muito agravante.

Em adultos, as preocupações mais comuns são com o cotidiano, rotina e responsabilidades, como emprego, vida financeira, saúde da família, situações com os filhos ou pais e até mesmo questões domésticas, consertos do carro e atendimento de compromissos, explica o psiquiatra Vitor Giacomini Flosi, de Rio Preto. Já as crianças têm a preocupação excessiva focada em suas competências ou desempenho em atividades diversas, desde escolares a interativas.

Segundo Flosi, o diagnóstico é observado com maior frequência em mulheres, representando cerca de 55% a 60% dos casos, em adultos jovens e adultos. Embora os números apontem para o sexo feminino como principal acometido pelo problema, a estatística pode não representar a realidade.
“Um dos motivos da maior prevalência no sexo feminino provavelmente se deve ao fato das mulheres aceitarem e procurarem auxílio médico mais frequente que os homens”, informa o psiquiatra.

Apoio familiar

Assim como em todo tratamento, a participação da família é fundamental para a evolução do estado positivo esperado. É importante esse apoio exatamente porque quem sofre do Transtorno de Ansiedade Generalizada (TAG) tem todas as esferas de sua vida comprometida, o que prejudica não somente o presente, como o futuro dessa pessoa.

Geralmente, pode acontecer o contrário, havendo cobrança por melhora mesmo sem um tratamento adequado ou o pensamento de que esse subtipo de ansiedade não tem tanta importância. “Pesquisas recentes têm demonstrado que pessoas com TAG tendem a relatar menor satisfação com a vida familiar, com as atividades diárias e com o bem-estar geral, quando comparada a controles não ansiosos”, afirma o psiquiatra Vitor Giacomini Flosi.

Isso porque a falta de tratamento e apoio familiar para identificar e controlar o problema podem motivar fugas e evitações de empregos, entrevistas e relações interpessoais, afirma o psicólogo cognitivo-comportamental Alexandre Caprio. Um exemplo de situação típica é quando essa pessoa recebe um convite para uma festa, mas acaba desistindo ao imaginar várias possibilidades negativas antes, durante ou após esse evento.

“A pessoa pode imaginar diferentes tipos de catástrofes e também pensa em todas as coisas ruins que as demais pessoas poderão pensar dela, como se está mais velha, mais gorda, mal vestida ou ter menos sucesso profissional. Ela se sentirá, antes mesmo que a festa aconteça, julgada e condenada, e se esquivará do evento como medida de proteção”, explica Caprio.

Com a terapia cognitivo-comportamental, por exemplo, o TAG pode ser identificado e ter seus efeitos corrigidos, o que ajuda o paciente a reestruturar a forma como percebe o meio que o cerca. De acordo com Caprio, as sessões reduzem a preocupação excessiva do paciente e podem, juntamente com outras estratégias, melhorar a qualidade de vida.

Por que ocorre o TAG?

A justificativa biológica é que quem sofre de Transtorno de Ansiedade Generalizada (TAG) é vítima de um erro cognitivo, explica o psicólogo cognitivo-comportamental Alexandre Caprio. “É uma abstração seletiva: ela capta, processa e memoriza todas as possibilidades de uma situação dar errado, não tendo a mesma habilidade para avaliar a possibilidade de acerto ou sucesso da mesma situação”.

O psiquiatra Vitor Giacomini Flosi explica também que essa base genética para o surgimento do transtorno leva a apontar deficiências em neurotransmissores, como gaba e serotonina. Outros fatores importantes também estão ligadas à evitação, transmissão de ameaça e eventos externos, que podem ser causados por pais muito protetores, que ensinam que fora de casa tudo pode ser perigoso ou por muitos eventos traumáticos.

Mas é importante enfatizar que a sensação de perturbação e ansiedade causada pelo TAG não deve ser associada ou confundida com os efeitos do uso de drogas ou medicamentos. Também não tem episódios dentro de outros transtornos, como do Humor, Psicótico ou Invasivo do Desenvolvimento, diz o psiquiatra.

“Embora os indivíduos com TAG relatem sofrimento subjetivo devido à constante preocupação, eles têm dificuldades de fazer esse controle ou experimentam prejuízo no funcionamento social, ocupacional ou em outras áreas importantes”, destaca Flosi.

O reflexo disso é a interferência direta em todas as atividades do cotidiano. “O diagnóstico é difícil devido à facilidade de haver comorbidade com outros transtornos, como depressão, transtorno de pânico e até abuso de substância para amenizar a rede de pensamentos que geram a ansiedade”, diz o psicólogo.


Um comentário:

  1. Muito bom entender mais sobre este caso, já passei por essa experiência e não é nada confortável.

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