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domingo, 28 de junho de 2009

DOSSIÊ DOS HOMENS

Fonte: participação de Alexandre Caprio em matéria publicada pelo Jornal Diário da Região (São José do Rio Preto/SP), jornalista Francine Moreno, em 28/06/2009  
http://www.diarioweb.com.br/noticias/corpo_noticia.asp?IdCategoria=4&IdNoticia=123035


Comportamento masculino
Dossiê dos Homens
São José do Rio Preto, 28 de junho de 2009 
  Banco de Imagem  

Francine Moreno


De repente, você está sozinha, depois de um namoro de anos. Talvez ainda não se julgue pronta para recomeçar com outra pessoa. Ou, refletindo melhor, talvez, lá no fundo, você esteja louca para encontrar um novo namorado. Mas está com medo. Afinal, todas as suas amigas dizem que os homens são canalhas, traidores e não querem compromisso sério. Seja qual for o caso, enfrente a condição com suavidade. É preciso ir à luta, mas não é tão difícil quanto parece. E para tentar entender melhor o que passa na cabeça e no coração deles, o Diário publica um dossiê completo com os segredos masculinos. Não se trata de uma defesa, o intuito é descobrir se o comportamento masculino é ainda tão diferente do feminino. Quatro especialistas falam sobre o que eles sentem quando são traídos, quando se apaixonam para valer, quando levam um fora ou quando querem ser entendidos.

Casamento é para sempre?
Alexandre Paulo Caprio, psicólogo cognitivo comportamental, afirma que todas as vezes que homens tomam alguma decisão, seja para montar um negócio novo, adentrar uma faculdade ou escolher uma pessoa para se relacionar, querem que aquela decisão seja a correta e que crie resultados positivos. “O amor é objeto de desejo de todos, sejam homens ou mulheres. Mas existem nuances que alimentam o relacionamento amoroso. Confiança, companheirismo, apoio, afeto, cumplicidade, respeito e amizade são alguns deles. Devemos saber não apenas receber, mas ofertar tais sentimentos ao parceiro. Essa relação de apoio - essa soma de forças para construir uma vida juntos - faz um casal romper barreiras de anos a fio. Quando homens e mulheres são maduros suficientemente para se aceitarem rem, o relacionamento tem uma base sólida para se construir e viver felizes para sempre.” De acordo com Caprio, é possível descobrir as verdadeiras intenções de um homem. Muito da personalidade de uma pessoa pode ser percebida pelo modo de se comportar, se cuidar, se vestir e também pela forma como trata as pessoas mais próximas. “É possível montar um mapa de quem é aquela pessoa com base no seu comportamento e, por onseguinte, entender quais são suas expectativas em relação aoenvolvimento amoroso.”

Quando busca amor na net?
Para o psiquiatra e psicoterapeuta Vítor Giacomini Flosi, as motivações que levam um homem a procurar relacionamentos na rede provavelmente não são muito distintas das motivações femininas: novas aventuras sexuais, novos casos, novos amores e novas ilusões de paixão. No entanto, revela que homens também têmo direito de tentar se relacionar novamente pesquisando na rede. “A internet é uma ferramenta indispensável para a realização de inúmeras tarefas e ultimamente vem se firmando como uma das mais importantes na tarefa de unir pessoas (independente do sexo ou gênero).” Segundo o especialista, pesquisar por relacionamentos na rede já é prática comum,amplamente difundida e aceita nos meios adolescente e adulto jovem, e também por aqueles que passaram por algum rompimento afetivo mais perene (namoro longo, noivado, casamento, união estável), obviamente após a elaboração do luto da perda, quando decidem regressar ao mercado dos solteiros. “O ser humano é altamente adaptável e se faz necessário manter essa adaptabilidade caso queira (ou talvez pelo fato dos instintos de sobrevivência e perpetuação da espécie sobreporem-se aos desejos pulsionais) manter seu código genético disponível no mercado (ou seja, aprender a utilizar a rede pode ser uma vantagem evolutiva)”.

Como ele fica quando leva fora?
Para o psicólogo Vítor Giacomini Flosi, quando recebe um fora o homem não sofre pelo desejo interrompido. “Tem os mesmos sentimentos de insegurança e rejeição que uma mulher sentiria na mesma situação. A diferença é que, evolutivamente, o homem lida com esse sentimento de rejeição há mais tempo que as mulheres. Em nosso meio somente nas últimas décadas pudemos começar a observar um comportamento feminino mais agressivo, que toma a iniciativa e se expõe aos riscos da rejeição.” De acordo com o psicólogo Josinel B. Carmona, o comportamento masculino é bastante marcado pelo medo, sempre de guarda alta, competitivo e preocupado com seus rivais, age agressivamente para se defender de uma pressão mais interna que externa, agride e se esquiva para dissipar o medo. “Falando de maneira geral, o masculino tem existido mergulhado em tres sentimentos: poder, sexo e medo. É possível até dimensionar as consequências desse estilo de vida no que se refere aos vínculos, ao trabalho, ao amor e à própria saúde.” Renato Dias Martino afirma que homens não escapam dos sintomas de um fora. “São desequilíbrios normais no desempenho dos vínculos amorosos, importantes em nossa vida. Sendo assim, o interessante seria poder perceber o quanto estamos sendo capazes de tolerar frustrações que sempre aparecerão”.

O que sente quando é traído?
Na opinião do psicoterapeuta, Renato Dias Martino, homem também chora, tem vontade de bater no cara com quem ela o traiu, beber para esquecer e pode até perdoar. “Emoções fortes assim como ações passionais são características tipicamente femininas, mas o homem também vive isso tudo, talvez de uma forma mais reprimida, o que certamente resulta num prejuízo noutra área de sua vida.” De acordo com o psiquiatra e psicoterapeuta Vítor Giacomini Flosi, mestre em ciências pela Famerp, o homem também se sente reduzido, trapaceado, impotente, fica obcecado em tentar mudar o ocorrido, fica ruminando os eventos da traição, preocupa-se com o que os outros irão pensar, quer sumir, e finalmente tem vontade de matar ambos traidores. “É claro que a possibilidade de perdão sempre existe, assim como no caso das mulheres traídas, mas apesar das rápidas mudanças socioculturais o perdão masculino continua sendo mais difícil que o feminino. O homem duela com fantasmas imaginários, assim como duas crianças competem para saber quem tem a maior espada. O homem está sempre competindo, principalmente pelo fato de que no imaginário masculino ainda ressoa a crença de a traição feminina ser “mais completa”, afinal além do desejo carnal, segundo essa antiga crença, as mulheres também nutririam real afeto pelos seus supostos amantes”.

Transar na primeira noite?
Na opinião do psiquiatra e psicoterapeuta Vítor Giacomini Flosi, transar no primeiro encontro é a sensação de vitória evolutiva incontestável e definitiva logo no primeiro round. Não é a regra geral, mas o interesse do homem pode diminuir se todos os mistérios femininos já forem desvendados de cara, logo no primeiro encontro. “Pode parecer machismo, afinal não se transa sozinho, ou seja, o homem também transou, e nem por isso, necessariamente o desejo de uma mulher madura e bem resolvida, vai ser depreciado em relação ao homemque transou no primeiro encontro. Entretanto as chances do interesse, tanto feminino quanto masculino, irem crescendo e se modificando progressivamente à medida que ambos se conhecem é maior. As intenções realmente podem mudar com o tempo, porémo desejo não. O desejo costuma ser sempre o de gratificação imediata, sexual epolígamo. O amor, conquistado como tempode relação entreos companheiros, tem a chance de se tornar monogâmico.O desejo é polígamo. O amor tem a chance de ser monogâmico.” Para o psicólogo Josinel B. Carmona, liberdade e plenitude para homens e mulheres estão na descoberta do outro. “Isso ainda demanda uma maturidade coletiva que devemos buscar, ela é a chave que nos levará para além dos desencontros que temos vivido no limite da prisão da competição e do egoísmo.”

Para entender o homem é preciso...
“Entender o homem de forma efetiva nunca será possível, se inundada de expectativas de queele será a reprodução doseu desejo. Qualquer pesquisa que tem um objetivo real deve se despir de partidarismos onde o que rege a busca não é o de conhecer, mas sim o de confirmar”, afirma o psicoterapeuta Renato Dias Martino. Segundo o psicólogo cognitivo-comportamental Alexandre Paulo Caprio, é preciso compreender que o parceiro não é umobjeto de posse e que a conquista deve ser diária.“É difícil respeitar uma pessoa que não se respeita, assim como é difícil amar uma pessoa que não se gosta em primeiro lugar. Devemos estar em dia com nós mesmos para termos um relacionamento mais sólido emotivado pela admiração mútua. Para isso, tanto a terapia individual, quanto a terapia de casais são ferramentas de grande ajuda.” Na opinião do psicólogo Josinel B. Carmona, a guerra dos sexos, tão falada, deveria evoluir para a compreensão e aceitação da dialética que apresenta a diferença, mas não gera a exclusão, ao contrário, descobrir que a equivalência desses opostos gera o equilíbrio entre as forças e as diferenças. “Ter contato com o diferente que existe e norteia o outro, o diferente que não deve ser combatido, mas sim conhecido e compreendido. O segredo é poder se conhecer melhor, entender melhor os próprios sentimentos e também querer conhecer o outro e seu universo existencial e psicológico”.